Reflexão



  Não tenho pressa, mas tenho saudade.

  Estou vivendo meu tempo também, dentro de mim.

  Tudo é estranho, e comum; novo e velho. Tudo junto e misturado.
  É engraçado nos encontrarmos assim depois de tanto tempo achando que nos conhecemos. Achando que já me conhecia.
  Nunca me encontrei numa situação dessas antes. Isso é novo para mim.
  A solidão não é algo ruim, e, mesmo assim, as pessoas depositam um peso muito grande em seu significado.
  A solidão apareceu de várias formas para mim, trazendo diferentes sentimentos. Entretanto, este é novo: não tem ansiedade, não tem angústia, não tem raiva nem mágoa, é apenas um silêncio. As vozes de dentro também se aquietaram, só existe eu.
  Sinto-me suspensa, como se as coisas dentro de mim, minhas outras vozes, tudo estivesse pronto para despencar ou explodir e trazer algo novo, algo completamente inusitado. Não sei o que é.
  Hoje não estou buscando nada dentro de mim, pois não tive tempo de voltar meus olhos para dentro, por enquanto.

  Li um livro que ganhei e compreendi melhor do que nunca o silêncio dela. Ela precisa ter essa parte que é só dela, que ninguém explorou, que não deve ser explorado, e ela não quer que compreendam, ou talvez queira. Mas eu entendo agora. Todos precisam desse pedaço único que compõe cada um, o que torna cada um esse ser ímpar. O pedaço que ninguém precisa mostrar, porque só nós temos a chave para entrar: a porta da nossa identidade.

  Eu quero chorar.
  Ainda existe muito amor em mim e tenho que aprender a emanar isso de outras formas.
  Colocar meu amor para fora não significa amar outra pessoa que não ela, não, de forma alguma.
  Eu preciso deixar um pouco deste amor tocar os outros universos, porque eu quero receber de volta.
  Eu preciso dela, mas, enquanto ela não vem, não quero explodir e enlouquecer.
  Pessoas carentes são complicadas.

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